Como calcular o verdadeiro custo de um financiamento de carro no Brasil
Parcelas acessíveis escondem juros altos e custos adicionais. Entender o CET, taxas e depreciação é essencial para saber se um financiamento vale a pena.

Parcelas acessíveis escondem juros altos e custos adicionais. Entender o CET, taxas e depreciação é essencial para saber se um financiamento vale a pena.

Comprar um carro é um dos maiores desejos de consumo dos brasileiros. Para muitos, a única forma de realizar esse sonho é por meio do financiamento.
Mas será que a parcela que parece caber no bolso realmente representa um bom negócio?
O ponto de partida para essa análise é o CET – Custo Efetivo Total. Ele reúne não apenas os juros, mas também tarifas administrativas, seguros embutidos e outras cobranças que o banco pode incluir no contrato.
Muita gente olha apenas para a taxa de juros anunciada, que pode ser, por exemplo, 1,5% ao mês. Mas, ao somar todos os custos adicionais, a taxa real pode ultrapassar 2% ou 3% mensais. Em um contrato de 48 ou 60 meses, essa diferença se transforma em milhares de reais a mais pagos.
Outro fator é a depreciação. Enquanto você paga as parcelas, o carro perde valor de mercado. Em alguns casos, ao final do financiamento, o veículo já vale bem menos do que o total desembolsado.
Para entender o impacto, faça uma simulação simples:
- Valor do carro: R$ 50.000
- Entrada: R$ 10.000
- Financiamento: R$ 40.000 em 48 parcelas
- Taxa efetiva: 2% ao mês
Ao final, o valor pago pode chegar a R$ 62.000, sem contar IPVA, seguro e manutenção. Ou seja, você desembolsa mais do que 1,5 carro para ter apenas um.
Isso não significa que o financiamento seja sempre ruim. Em alguns contextos, ele pode ser útil: para quem precisa do carro como ferramenta de trabalho, ou quando há expectativa de aumento de renda que facilite o pagamento.
O problema é quando a decisão é tomada no impulso, sem planejamento.
Algumas dicas práticas antes de assinar o contrato:
- Compare o CET de pelo menos três instituições.
- Verifique se é possível antecipar parcelas sem multa.
- Considere juntar mais entrada para reduzir o financiamento.
- Faça contas realistas do impacto mensal na sua renda.
Também não esqueça do custo de oportunidade. O dinheiro que vai para os juros poderia estar rendendo em investimentos. Às vezes, vale a pena adiar a compra por alguns meses e investir a entrada enquanto isso.
A mensagem final é simples: o financiamento pode viabilizar a compra do carro, mas nunca deve ser encarado como a única opção. Informação é a melhor ferramenta para evitar cair em armadilhas financeiras.
Antes de assinar qualquer contrato, pergunte a si mesmo: estou comprando um carro… ou um pacote de dívida?
Autor no ecossistema Trevvos.